1 – É difícil detectar

Se você nasceu mulher, talvez tenha duas vaginas e nem saiba. A verdade é que nem sempre é tão fácil assim, visualmente falando, perceber que uma mulher tem duas vaginas: “Quando eu tinha 11 anos, eu estava viajando e menstruei pela primeira vez e estava tendo problemas. Tentei comprar absorventes, mas nem os internos estavam funcionando. Então eu perguntei à minha avó se eu poderia ter duas vaginas, e ela disse ‘oh, isso é impossível, não se preocupe’. Eu fiz um plano de saúde quando tinha uns 19 anos e o meu primeiro exame. Perguntei à enfermeira a mesma coisa, confidencialmente, e ela disse ‘ah, claro, é totalmente possível. Vou falar com o médico’. Eles fizeram o exame e eu tenho”, revelou a entrevistada, que preferiu ser chamada de Kelsey.
De acordo com a publicação, é possível que uma mulher passe a vida inteira sem saber que tem duas vaginas. Alguns casos são detectados somente quando a mulher está grávida ou quando morre e uma autópsia precisa ser realizada.
Kelsey explica que sua vagina tem uma aparência normal e que há um pequeno pedaço de pele que separa uma entrada vaginal da outra: “O lado de fora é normal, e o de dentro é duplicado. Então eu tenho apenas um clitóris, infelizmente”, diz ela. Se você está achando que o caso de Kelsey é extremamente raro, saiba que não é bem assim: estima-se que uma em cada 200 mulheres tenha alguma variação de formato na região vaginal.

2 – É possível engravidar duas vezes de dois homens diferentes?

Assim que Kelsey descobriu que tinha duas aberturas vaginais, ela passou por exames ginecológicos mais detalhados, e os médicos descobriram que ela tem um útero separado por um septo, o que significa que o órgão é dividido em duas partes, uma para cada abertura.
Essa característica é, na verdade, uma variação da condição de Kelsey, e na medicina é chamada de útero didelfo – a ilustração que você vê abaixo mostra as possíveis variações de formação uterina.
Carly, que é outra mulher que falou com a equipe do Cracked e que também tem abertura vaginal dupla, conta que descobriu sua condição quando tinha 17 anos. Na ocasião, o ginecologista que a atendeu revelou que ela tinha “duas fábricas internas de bebês”.
Uma vez que os dois úteros são funcionais, como é o caso de Carly, cada um deles pode carregar um feto diferente. E esses bebês podem ser formados em momentos diferentes – imagina o tamanho do problema! – e, claro, podem, sim, ser de pais diferentes também, ainda que esse tipo de situação seja bastante rara.

3 – Espermatozoides se confundem no meio do caminho

“Meu médico me disse que eu tenho menos chances de engravidar porque ‘espermatozoides são estúpidos’”, disse Carly. Ela explica que, quando as células reprodutoras masculinas alcançam a área do septo, que é a estrutura que separa um útero de outro, elas ficam confusas e não sabem o que fazer.
Além dessa falta de orientação por parte dos espermatozoides, ainda que Carly acabe engravidando, a gestação possivelmente será de risco: “Quando eu decidir ter filhos, vou ter que fazer uma cesariana. Meu cérvix não vai abrir o suficiente”, explica.
Como o útero é dividido em dois, no caso de Carly, é possível que aconteça uma ruptura uterina, o que pode ser uma complicação bem problemática. “A porção superior do útero se separa antes de o bebê estar pronto sair” explica a publicação. Por causa disso, Carly pode vir a sofrer abortos espontâneos ou ter partos prematuros se vier a engravidar futuramente.

4 – Ter duas vaginas significa menstruar duas vezes?

Não é uma regra, mas ter dois canais vaginais e dois úteros pode significar que a mulher vai menstruar em dobro também – Carly que o diga: “Eu estava menstruando duas vezes por mês. E isso era uma porcaria, mas a pior parte era tentar usar um absorvente interno. Minha mãe dizia ‘apenas coloque isso!’ e machucava demais, porque eu continuava machucando o septo. Eventualmente eu descobri como colocar o absorvente interno em cada abertura, mas como se explica isso para as pessoas?”.
Para Kelsey, o ciclo menstrual também é duplicado. No caso dela, o os intervalos entre uma menstruação e outra variam desde uma semana até meses: “Eu tinha muito medo de acabar no programa ‘Eu Não Sabia Que Estava Grávida’. A imprevisibilidade é a pior parte”, explica ela ao dizer que pode ficar até um ano sem menstruar e, de repente, menstruar duas vezes em um intervalo de apenas algumas semanas.
Além de precisarem usar dois absorventes juntos de vez em quando, tanto Carly quanto Kelsey enfrentam cólicas menstruais duplamente dolorosas. Carly diz que as dores são tão fortes que os remédios tradicionais não resolvem o problema – para ela, a única coisa que diminui a intensidade das cólicas é a maconha.

5 – Dificuldades na vida amorosa e na pessoal

Como você deve imaginar, ter uma vagina duplicada pode ser uma dificuldade na vida sexual e amorosa dessas mulheres. Kelsey, por exemplo, não pode tomar pílula anticoncepcional por outras razões, e, por causa de sua vagina duplicada, também não pode usar dispositivos intrauterinos – a não ser que fossem feitos especificamente para ela.
Por causa dessas questões, Kelsey sempre precisa falar sobre sua condição antes de fazer sexo, o que assusta alguns rapazes. “Uma pessoa me perguntou se era como fazer sexo a três com apenas uma pessoa”, disse ela a respeito das coisas bizarras que já ouviu na hora H. Além disso, Kelsey conta que sente dor quando o homem acaba atingindo uma das aberturas específicas, que é malformada e, por isso, não é indicada para penetração.
Carly é casada e espera não precisar passar novamente pela situação de explicar sua condição para rapazes diferentes. Ainda assim, tanto ela quanto Kelsey acabam tendo que responder a perguntas completamente absurdas, vindas das pessoas que, por algum motivo, ficaram sabendo de suas condições.

Kelsey conta que uma vez um amigo comentou, em uma tentativa de cantada, que ela poderia “dar conta” de dez pênis ao mesmo tempo. “Outra pergunta comum é ‘se a gente fizesse sexo a três, você engravidaria de nós dois?’, e eu fico tipo... ‘por que eu iria querer fazer sexo a três, especialmente com você?’”. Segundo ela, essas tentativas masculinas de sedução são, na verdade, assustadoras.
As mulheres também não ficam atrás no quesito inconveniência: “Muitas perguntam se podem tocar em minhas vaginas”, o que, segundo Kelsey, é uma atitude que passa dos limites – dá para entender, não é mesmo?
Carly revela que as perguntas mais inconvenientes que escuta quando uma nova pessoa sabe que ela tem duas vaginas e dois úteros são das pessoas que acham, por algum motivo, que ela COMEU um irmão ou uma irmã gêmea quando estava no útero de sua mãe. Nesse sentido, vale ressaltar que nem o septo vaginal nem o útero didelfo são causados por canibalismo intrauterino, logicamente.

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